domingo, 27 de janeiro de 2013

Visigodos

Como a história contada é sempre a dos dominantes, muito sabemos a respeito de Vikingues e sua mitologia nórdica, base de ficções como Senhor dos Anéis e Conan, o Bárbaro; Robin Hood e Rei Arthur parecem ser nossos heróis; Helloween tomou conta do dia 31 de outubro, e o vermelho Santa Klaus chega bufando de calor para entregar nossos presentes de Natal em pleno Verão.

Pouco paramos para conhecer a rica história de nossos ancestrais (no meu caso italianos), ou de nossos colonizadores portugueses. E infelizmente nos retemos na facilidade das historinhas mastigadas e digeridas da tela dos cinemas.

Já que estamos a falar de Vikingues, por que não usar a deixa para falarmos de um povo tido como bárbaro, assim como eles e que invadiu a fronteira do império romano em sua decadência, assim como eles mas, diferente dos nórdicos, percorreram o império romano por mais de 40 anos até se estabelecerem na Península Ibérica: Os Visigodos.

O mapa mostra, basicamente, como esse grupo de Godos saíram do Leste europeu, migraram por toda a Europa mediterrânea, entraram em Roma antes mesmo de 476 (ano tido como início da Idade Média, queda de Roma), tentaram se estabelecer na Gália, mas acabaram colonizando a região que depois seria invadida pelos mouros.




A Ameaça
Após um período conturbado de conflitos, veio a pax romana. Os godos se estabeleceram na Dácia, ao Norte do Danúbio, compreendendo territórios dos atuais países de Romênia, Bulgária, entre outros dos Balcãs. Contudo, no século IV teve início o assédio huno na região. Os Godos, que haviam se convertido ao cristianismo nos termos do arianismo (seguidores de Arius), que não tem nada em haver com o arianismo nazista, possuíam uma sociedade das mais organizadas entre os bárbaros. O medo dos ginetes asiáticos os fez buscar abrigo dentro das fronteiras do ainda poderoso, apesar de dividido, império.

As Migrações
Como não houvessem obtido boa recepção na Trácia, seio do Império Romano do Oriente, os visigodos (um dos grupos que formavam os Godos) adotou uma postura agressiva e transformou-se em um exército de grande coerência que derrotou e matou o imperador Valente em Adrianópolis (Edirne). O governo tentou negociar a fixação de uma colônia visigótica, mas estes pareceram preferir as armas, deslocando-se para a Península Itálica. Sob comando de Alarico, saquearam toda a região e chegaram aos portões de Roma. Os romanos ainda possuíam um certo orgulho imperial e acreditaram que, com a morte do líder, os o bando se dispersaria. A cidade foi invadida já sob as ordens do cunhado de Alarico, Ataulfo, que conseguiu manter unido o povo em constante migração de maneira pouco conhecida, mas que provavelmente fazia valer de novos recrutas de outras regiões e mulheres estrangeiras. Indício dessa atitude é que Ataulfo sequestrou a filha do imperador e, mais tarde, veio a casar com ela.
Buscaram, na Gália, um acordo para fixar seu poderio. Para forçar Roma a ceder, não deixaram de tomar várias cidades, até que se permitiu sua estadia na Gália, onde formaram um reino dentro dos domínios do império, algo sem precedentes e que poderia, por si só, ser o verdadeiro ponto de transferência da Idade Antiga para a Idade Média.



A Aliança com o Império
A essa altura, viram-se numa encruzilhada, pois a chegada do hunos à região forçou-os a tomar partido. Formaram então aliança com o império enfraquecido contra seus arqui-rivais hunos. Em certo momento, a desorganização política dos adversários custou-lhes a estabilidade e desmantelou suas forças. As temíveis cavalarias foram vencidas.
Além de combaterem os hunos junto ao império, os visigodos foram a força principal a combater outros povos que haviam penetrado pela Gália e chegado à Hispânia, os Vândalos, aliados a Suevos e Alanos.
Mais uma vez, a força dos visigodos foi demonstrada: Vândalos e Alanos se refugiaram no Norte da África, de onde causaram muitos problemas ao império, posteriormente; os Suevos ficaram encurralados na porção mais ocidental da Ibéria (Portugal e Galícia) e mais tarde acabaram se misturando aos visigodos dominantes.
As primeiras derrotas visigóticas ocorreram na Gália e, mais tarde, no Sul da França. E a religião herética, segundo Roma, foi o que causou sua expulsão da região. As questões de fé também foram desculpa para a invasão de Justiniano, que procurava reconstruir o Império Romano a partir do Bizâncio e dominou o Mediterrâneo até o Sul da Península Ibérica. Brigas sobre a sucessão enfraqueceram os visigodos na Hispânia, fortalecendo o domínio Oriental. Leovigildo, já em 567 é que voltou a dar cara ao reino dos Visigodos, mas era defensor do arianismo e, quando seu filho se tornou católico, chegou a impedí-lo de assumir. Em 586, Recaredo, após a morte de Leovigildo é que fez as pazes com a igreja com as graças do povo.

O Reino Visigodo
A estrutura do reino foi se consolidando, até o ponto de haver uma compilação de leis que só voltaria a ser vista já no império de Carlos Magno, a Lex Visigothorum, que conseguiu estabelecer as mesmas regras para romanos e visigodos. Eles foram os primeiros e mais duradouros dos povos que penetraram o Império Romano. Acabaram, também, por ser um dos principais aliados e mais influenciados em cultura pelo império decadente (ou em transformação, como preferem dizer alguns historiadores). Apesar de tudo, os historiadores afirmam que nunca houve, na sua invasão, o objetivo de destruir Roma e a "Queda" do Império é mais um pensamento anacrônico que um fato histórico com data estabelecida exatamente no ano de 476.

A força dos Visigodos só não resistiria à invasão muçulmana, que já é assunto para outra postagem. Fiquemos com a importância desse povo que saiu do Leste Europeu para influenciar a história e a cultura de nossos colonizadores portugueses.

Atenciosamente.

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