sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Piri Reis

Almirante do império Otomano. Ligado a diversas controvérsias a respeito de um mapa que cartografou nos idos de 1513. Especulações acerca de conhecimentos antigos perdidos e tecnologias alienígenas ou do futuro chegaram a ser associadas à carta náutica de sua autoria. Foi capturado e morto por portuguese em 1554.


Aqui se apresenta parte do mapa, que se encontra num palácio transformado em museu em Istambul. As esferas em meio ao Oceano Atlântico, das quais partem diversos raios em várias direções são típicas de um mapa do tipo Portulano, que se baseava nos ventos e em pontos de referência para navegação, utilizados quando não era possível a medida exata de Paralelos e Meridianos.

Teorias da Conspiração
A primeira curiosidade que podemos mencionar é a suposta precisão, principalmente no que tange às longitudes, de difícil mensuração com a tecnologia da época. Vejamos o motivo:
Para medir latitudes, as inclinações do Sol e das estrelas no decorrer do ano dão uma noção muito boa. No dia 21 de dezembro, por exemplo, o Sol passa exatamente acima do Trópico de Capricórnio. É o Verão no Hemisfério Sul.
Já para medir a Longitude, é necessária uma forma de medir distâncias e tempo de forma eficiente. Bem, para a distância, cordas com nós atiradas na água serviam (alguém ouviu falar em "nós" como medida de velocidade? Pois é), já para o tempo, só com a invenção do relógio de bolso em 1504 (ou 1500) é que surgiu a possibilidade de medir o tempo dentro de um navio. Relógios existiam, de alguma qualidade e até caberiam em uma nave, mas não funcionariam no balançar do Oceano. Lembrados de que uma novidade não se espalhava tão rapidamente como hoje, tenhamos noção de que os navegadores levaram tempo para usar o relógio portátil como auxiliar na medida da longitude. Desde então, a navegação e a cartografia se transformaram.

Enfim, esse é um dos motivos para dizerem que Piri Reis teria conhecimentos além de sua época (há inclusive afirmações de que o mapa só poderia ser idealizado por alguém que tivesse uma visão de um ponto muito alto, de onde se pudesse observar a Terra assim, algo ridiculamente ofensivo para quem sabe que o mapa mundi pouco mudou após a invenção do avião ou do satélite artificial). Ficou contraposto por McIntosh de forma muito convincente que a afirmação subestima a capacidade dos mapas de tipo Portulano, uma vez que foram comparados mapas dessa mesma época, realizados com a mesma técnica e de melhor precisão.

A segunda curiosidade, talvez a mais intrigante, é de que Piri Reis conheceria a Antártida, visível na parte inferior do mapa. Mas esse continente só foi descoberto oficialmente muito tempo depois. No século XVIII, James Cook chegou a navegar em volta do continente, mas não conseguiu um mapa da região, pois as condições do clima e os icebergs não permitiam aproximação suficiente.
Teorias inescrupulosas chegam a afirmar que um conhecimento antigo foi usado para fazer o mapa. Seria algo milenar, de antes de o continente ser dominado pelo gelo. Obviamente, a Antártida está em posição Glacial a tempo demais para algum homem tê-la visto sem sua cobertura branca. A idéia do conhecimento antigo surgiu do fato de ser mencionado que vários mapas antigos e contemporâneos seriam a base para a concepção de seu portulano, o que abriu as portas da imaginação de quem a tem em excesso.
No meu ver, é óbvio, mesmo para amadores como eu, que os traçados não passam de uma grande distorção da costa da América do Sul. Estudiosos associam a distorção a dois principais fatores: adaptação do mapa para que ele pudesse caber no formato do papel (chega a soar depreciativo, mas pode ser a verdade) e outra que o põe na posição de muitos outros mapas da mesma época, que ligam o continente americano à Ásia através de um continente incógnito no Sul, baseados em Ptolomeu (esse sim, uma das referências antigas de Piri Reis) que, na antiguidade, acreditava que o Oceano Índico era cercado por terra. Inclusive, só foram dissociadas a Austrália e a Nova Zelândia da Antártida após as viagens de Cook.
Mais uma vez, acredito que as teorias sobre o mapa são criações de mentes de grande imaginação e um toque de sensacionalismo.


O mapa de Ptolomeu Influenciou diversos cartógrafos a imaginar uma terra que selaria os mares setentrionais. Para muitos, parecia estranho haver tão pouca terra no Sul, se comparado ao Hemisfério Norte, outro motivo para o exagero no tamanho da Antártida.





Minhas Conclusões
O mapa de Piri Reis detém todos os acertos e erros que poderiam estar contidos num portulano confeccionado através de uma revisão bibliográfica dos materiais daquele momento histórico. Sua principal referência foi Colombo, que ele cita em suas inscrições e de quem tira a maioria das nomenclaturas. Em nenhum momento, o mapa deixa de ter importância histórica por ser o primeiro ou um dos primeiros a mostrar ligação terrestre entre Americas do Norte e do Sul e por mostrar que, já em 1513, havia conhecimento sobre o estuário do Prata, além de ser de autoria islâmica, exemplo de troca de conhecimentos entre Oriente e Ocidente, vista como tabu por quem vê a história como se conta na escola. Eu diria que, se os Otomanos tivessem sucesso na Batalha de Lepanto, o mapa figuraria como obrigatório em nossas apostilas escolares.
Atenciosamente.

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